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Expressas: BYD anuncia instalação de 800 carregadores ultrarrápidos no Brasil — e promete recarga de 400 km em apenas 5 minutos
Jaroslav Sussland - jaros@revistapubliracing.com.br
há 11 minutos
3 min de leitura
Plano ambicioso reforça aposta chinesa na infraestrutura de mobilidade elétrica, mas especialistas pedem cautela quanto à viabilidade técnica e prazos
A gigante chinesa BYD anunciou que pretende instalar 800 carregadores ultrarrápidos no Brasil nos próximos 12 meses, prometendo uma revolução no carregamento de veículos elétricos no país. A meta é ousada: os equipamentos, com potência de até 1.000 kW (1 MW), seriam capazes de oferecer 400 km de autonomia em apenas cinco minutos de recarga — um salto tecnológico sem precedentes na América Latina.
Os carregadores fazem parte da estratégia da empresa de expandir sua infraestrutura de recarga e acelerar a adoção de veículos elétricos no Brasil, consolidando o posicionamento global da BYD em tecnologias de alta eficiência. Segundo informações divulgadas pela própria marca, o projeto integra o lançamento da Super e-Platform, arquitetura elétrica de 1.000 volts que permite tempos de carga extremamente curtos e maior estabilidade energética.
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Tecnologia e desempenho: o que está por trás da promessa
A nova geração de carregadores ultrarrápidos da BYD utiliza arquitetura de alta tensão e células refrigeradas a líquido, permitindo um fluxo de energia contínuo e seguro mesmo em potências que ultrapassam a casa do megawatt. A empresa afirma que o sistema é capaz de adicionar “cerca de 2 km de autonomia por segundo” em veículos compatíveis.
Essa velocidade de recarga, porém, depende de condições específicas: os veículos precisam estar equipados com baterias de 1.000 V e sistemas internos que suportem essa taxa de transferência energética. A BYD indicou que nem todos os veículos da marca serão compatíveis de imediato com a tecnologia — algo esperado para os novos lançamentos a partir de 2026.
Onde e como serão instalados os carregadores
Embora o número de 800 estações tenha sido confirmado, a empresa ainda não detalhou as localizações exatas nem o modelo de operação (público, privado ou misto).
Estima-se que parte das unidades seja instalada em rodovias estratégicas e capitais com alta densidade de veículos elétricos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba.
Cada carregador desse tipo exige infraestrutura robusta, com transformadores dedicados e sistemas de refrigeração líquida. Especialistas apontam que a implantação de 800 unidades em 12 meses seria tecnicamente desafiadora, considerando as limitações da rede elétrica brasileira e os custos de instalação, que podem ultrapassar R$ 1 milhão por ponto em sistemas dessa potência.
Apesar disso, o plano sinaliza uma mudança de escala na presença da BYD no país, coincidindo com a expansão da fábrica em Camaçari (BA) e o aumento da linha de veículos elétricos e híbridos vendidos no mercado brasileiro.
Hidrogênio, energia e o futuro da mobilidade
O anúncio também se insere num contexto mais amplo de competição global por tecnologias de carregamento rápido. Fabricantes como Tesla, Nio e CATL já testam soluções semelhantes na China e nos Estados Unidos, mas o Brasil seria o primeiro país das Américas a receber estações de 1 MW de potência dedicadas a veículos de passeio.
Além de reduzir a chamada “ansiedade de autonomia”, a tecnologia pode viabilizar novos modelos de negócios, como estações multiponto com geração solar local e armazenamento em baterias estacionárias.
Promessa de liderança, mas cautela nos prazos
De acordo com Davi Lopes, Head da GWM Hydrogen-FTXT Brasil, o Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o que o torna terreno fértil para esse tipo de inovação. A afirmação foi endossada por especialistas do setor elétrico, mas acompanhada de ressalvas: a compatibilidade da rede, a padronização de conectores e o custo operacional podem atrasar o cronograma anunciado.
Fontes próximas ao projeto indicam que o prazo de instalação pode se estender até 2026, com prioridade para áreas de demonstração e parcerias com shoppings e concessionárias da marca.
Mesmo assim, a BYD busca reforçar sua imagem de líder em eletrificação e pioneira em infraestrutura, consolidando o país como uma base de inovação na América do Sul.
O que esperar
Caso o plano se concretize, o Brasil passará a contar com uma das maiores redes de recarga ultrarrápida do mundo, elevando o patamar da mobilidade elétrica regional. A iniciativa também pressiona concorrentes e governos a acelerar investimentos em infraestrutura compatível, transformando o cenário energético e automotivo brasileiro nos próximos anos.
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