Mundo motorizado, transporte, mobilidade, turismo, lazer e entretenimento
Buscar
Expressas: Bugatti Tourbillon aposta num interior analógico para atravessar gerações
Jaroslav Sussland - jaros@revistapubliracing.com.br
há 25 minutos
3 min de leitura
Ao invés de seguir a tendência dominante da digitalização total, a Bugatti decidiu regressar às origens mecânicas no interior do novo Tourbillon, criando um habitáculo inspirado na relojoaria tradicional, onde a noção de intemporalidade orienta cada escolha de design e engenharia.
Criar um conceito que resista ao tempo é, segundo a própria Bugatti, o maior teste de qualquer designer. Essa filosofia, que molda a marca há mais de um século, ganha agora uma nova interpretação no Tourbillon, modelo que inaugura uma fase inédita na história da fabricante francesa e cuja conceção do interior é revelada no mais recente episódio da série A New Era.
Posicione a Sua Marca Aqui
Para Ignacio Martinez, responsável máximo pelo design de interiores da Bugatti, o desafio vai muito além da estética.
“O papel de um designer de interiores é criar o habitáculo completo desde os primeiros esboços até à produção, mas considerando não só o ADN da marca, como também a segurança, a ergonomia e uma sequência de utilização compreensível para o utilizador”, explica.
O Tourbillon mantém a herança visual da Bugatti através de elementos como a linha central e a icónica “C-line”, que no interior se fundem para criar dois ambientes distintos: um para o condutor e outro para o passageiro. Esta separação física e simbólica é reforçada por uma divisão cromática horizontal e pela introdução de novos materiais, incluindo tecidos desenvolvidos especificamente para o modelo, combinados com couro de elevada qualidade.
A marca descreve esta abordagem como “car couture”, uma tradução automóvel do universo da alta-costura, onde a escolha de materiais e a execução artesanal procuram estimular os sentidos e transmitir uma sensação de exclusividade sem recorrer ao excesso tecnológico.
Apesar da forte carga emocional do design, os engenheiros tiveram de conciliar estas ambições com exigências práticas. O posicionamento dos airbags, dos cintos de segurança e o comportamento estrutural em cenários de colisão foram integrados desde as fases iniciais do projeto.
“É um automóvel pensado para ser conduzido em estrada, o que implica cumprir inúmeras restrições para chegar à produção”, sublinha Martinez.
O conceito de intemporalidade é central na filosofia do Tourbillon, nome inspirado numa inovação da relojoaria do século XIX. Segundo Frank Heyl, diretor de design da Bugatti, a intenção foi clara: afastar-se das modas digitais e recuperar uma experiência essencialmente analógica.
“Tal como um relógio precioso, um Bugatti deve atravessar gerações sem perder identidade. Por isso optámos por tecnologia analógica, onde a arte da relojoaria se encontra com uma espécie de ‘desintoxicação digital’”, afirma.
Neste contexto, a interface homem-máquina foi concebida para reduzir ao mínimo a presença de ecrãs. O display central permanece oculto no tablier, surgindo apenas quando solicitado, enquanto os comandos físicos assumem protagonismo, com especial atenção ao feedback tátil e à precisão mecânica.
O volante de cubo fixo, com comandos integrados e patilhas de mudanças, gira em torno do airbag central, numa solução técnica pouco comum. Logo atrás, o painel de instrumentos totalmente analógico é um dos elementos mais distintivos: desenvolvido em parceria com mestres relojoeiros suíços, combina engrenagens, caixas em alumínio maquinado e mostradores “esqueletizados”, evocando a simplicidade mecânica dos primeiros Bugatti do início do século XX.
Para a equipa de design, esta ligação direta à relojoaria não é um mero exercício estético, mas uma afirmação de identidade.
“Tudo no interior do Tourbillon está semanticamente ligado à arte da relojoaria. Ao manter este espírito vivo, garantimos que a experiência de condução permanecerá intemporal por muitos anos”, conclui Ignacio Martinez.
👉 A Revista Publiracing acredita em jornalismo isento, relevante e de qualidade. Se também valoriza informação independente, considere apoiar o nosso trabalho.
Comentários