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Estudo da Anfavea revela: veículos brasileiros têm a menor pegada de carbono do mundo
Redação Publiracing
há 12 minutos
3 min de leitura
Pesquisa inédita calcula as emissões de CO₂ em todo o ciclo de vida dos automóveis e reforça o papel estratégico dos biocombustíveis na descarbonização do país
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O Brasil é líder mundial em baixas emissões de carbono na produção e uso de veículos, segundo o novo estudo “Caminhos da Descarbonização: a pegada de carbono no ciclo de vida do veículo”, realizado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) em parceria com o Boston Consulting Group (BCG).
Pela primeira vez, a pesquisa calculou de forma completa as emissões de CO₂ de veículos fabricados no país — desde a extração de matérias-primas até o descarte — e comparou os resultados com dados da União Europeia, Estados Unidos e China.
Os números confirmam que os automóveis, caminhões e ônibus produzidos e utilizados no Brasil apresentam a menor pegada de carbono do mundo, superando inclusive países mais avançados na eletrificação da frota. O resultado é atribuído principalmente à matriz elétrica brasileira, composta por 90% de fontes renováveis (hidrelétrica, eólica, solar e biomassa), e à larga utilização de biocombustíveis — um diferencial nacional consolidado há décadas com a tecnologia flex.
“Os combustíveis renováveis são uma estratégia eficaz para reduzir emissões de forma imediata. O estudo mostra que, mesmo antes da eletrificação ganhar escala, o Brasil já possui uma das frotas mais limpas do planeta”,
afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
Brasil na frente da corrida global pela descarbonização
O levantamento avaliou o ciclo de vida completo dos veículos, conceito conhecido como do berço ao túmulo, que considera todas as fases: extração, produção, uso e descarte. Os resultados colocam o Brasil em posição de destaque, principalmente por dois motivos estruturais:
Matriz elétrica 90% renovável, o que reduz emissões na produção e na recarga de veículos elétricos.
Matriz energética 50% renovável, impulsionada por etanol e biodiesel.
Com isso, veículos flex movidos a etanol — híbridos ou a combustão — apresentam as menores emissões do mundo, ficando atrás apenas dos elétricos produzidos e carregados no Brasil com baterias de origem ocidental.
“O Brasil tem um ecossistema único para liderar a descarbonização automotiva e exportar tecnologia em biocombustíveis e motores flex”,
destacou Masao Ukon, diretor executivo e sócio-sênior do BCG.
Comparativo global da pegada de carbono no ciclo de vida
Tipo de Veículo / Região
Pegada de Carbono (emissão total relativa)
Principais Fatores
Flex movido a etanol (Brasil)
Menor do mundo
Matriz elétrica e energética renovável; uso de biocombustíveis
Elétrico produzido e carregado no Brasil
Muito baixa
Energia 100% renovável na recarga e menor impacto na produção
Elétrico europeu
Moderada
Baterias limpas, mas energia parcialmente fóssil
Elétrico chinês
Alta
Produção intensiva em carvão e matriz elétrica poluente
A combustão (gasolina/diesel – Brasil)
Inferior à média mundial
Mistura de biocombustíveis e maior eficiência
A combustão (gasolina/diesel – China)
Maior do mundo
Energia fóssil dominante e baixa eficiência veicular
Onde as emissões mais ocorrem
O estudo também mapeou em que fase da vida útil do veículo as emissões se concentram:
Automóveis a combustão: entre 87% e 91% das emissões ocorrem durante o uso.
Veículos elétricos: o uso representa 53% a 57% das emissões, e a produção das baterias quase metade.
Caminhões e ônibus a diesel: mais de 94% das emissões acontecem no uso — o que reforça a importância do biodiesel.
Caminhões urbanos elétricos (Brasil): apenas 33% das emissões no uso, contra mais de 70% em outros países.
Potenciais de avanço e próximos passos
O relatório destaca que o Brasil parte de uma base limpa, mas pode reduzir ainda mais suas emissões com:
Maior uso e qualidade dos biocombustíveis, especialmente no transporte pesado.
Ganho de eficiência energética nos motores a combustão e híbridos.
Produção de baterias com menor impacto ambiental e maior durabilidade.
Expansão do reaproveitamento e reciclagem de materiais na cadeia automotiva.
“A descarbonização depende de toda a cadeia — da produção dos insumos ao descarte. Esse será o grande tema da contribuição da Anfavea nas discussões da COP30, em Belém”, concluiu Igor Calvet.
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