
Redação Publiracing
19 de out.



Artur Semedo artursemedo@revistapubliracing.com.br
12 de out.



Redação Publiracing
4 de out.



Algumas das criações mais disruptivas, extremas e radicais da história da indústria automóvel são obra da Renault. Entre outros exemplos, quem não se lembra dos famigerados 8 Gordini, do icónico Renault 5 Turbo, do exuberante Clio V6 ou, mais recentemente, do radical Mégane R.S. Trophy-R?. Mas nenhum deles reuniu o exotismo do Spider. Um esportivo que, há 25 anos, resultou da mente de um grupo de engenheiros apaixonados pela condução e pelo trabalho de “mãos”, já que a sua produção era praticamente artesanal.
A saga do Renault Spider começou, em 1990, no Salão de Paris, com um concept-car de nome bem mais prosaico: Renault Laguna Roadster. Apesar da designação e da associação ao futuro veículo da Renault não o indiciar, este protótipo de um esportivo sem teto, com um para-brisas quase residual (na prática era só um defletor de vento), de linhas baixas e esguias e com portas de abertura em tesoura, antecipava o desejo da administração da Renault de ter um automóvel que vincasse o prazer de condução e, ao mesmo, catapultasse a imagem de esportividade da marca.

Pouco tempo depois, já com o caderno de encargos técnico definido e o primeiro estudo apresentado, o grupo de entusiastas engenheiros da Renault recebeu luz verde para avançar com uma versão de homologação de estrada que ajudasse a amortizar os custos de desenvolvimento. Nasceu assim o projeto W94, mais tarde rebatizado Spider Renault Sport.
Apresentado ao público no Salão de Genebra de 1995, o Spider começou a ser produzido na fábrica da Alpine, em Dieppe. Com o público rendido às linhas, o Spider ostentava, com orgulho, o “carimbo” da Renault Sport, a divisão esportiva da marca que, poucos anos antes, tinha ajudado a conquistar o primeiro título na F1.
Mas o Spider não vivia só de “aparências”. O motor colocado em posição central-traseira e o leve chassi em alumínio permitiam sensações de condução únicas, tanto em estrada como nas pistas, com a versão de troféu a apelar aos clientes sedentos da emoção de competição, mas com custos controlados.
A pureza da concepção e a incessante “cura de emagrecimento” também se refletiu no interior quase despido de elementos superficiais que só fariam aumentar o peso. Os bancos tipo concha, a gaiola de segurança e a ausência de sistemas como o ABS, a direção assistida ou um simples aquecimento , tornavam a utilização do Spider muito próxima da de um automóvel de competição, sensação ampliada pela ausência de teto e de um para-brisas digno desse nome, o que convidava os dois ocupantes a utilizar capacete nas deslocações de maior distância.

O baixíssimo peso do conjunto, similar ao de um Twingo da altura, ajudavam a potenciar as capacidades do motor 2.0 com 150 cavalos às 6000 rpm. Com uma cilindrada de 1998cc e um torque máximo de 185 Nm às 4500 rpm, o bloco F7R com uma cabeça de 16 válvulas (partilhado com o Mégane 16V e com o famoso Clio Williams) era mais do que suficiente para garantir retomas relâmpago a este peso-pluma. Mais importante do que a velocidade máxima (que na versão sem para-brisas chegava aos 213 km/h) eram os impressionantes 6,9 segundos nos clássicos 0 a 100 km/h.
O baixo peso, aliado à extrema rigidez e à inspiração nos automóveis de competição para a configuração de todo o conjunto, também proporcionavam um comportamento verdadeiramente excecional. As evoluídas suspensões de triângulos sobrepostos à frente e atrás, com barras estabilizadoras, a repartição de peso 42:58 (na versão com para-brisas) e a curta distância entre eixos permitiam uma agilidade ímpar, tanto em estrada como em pista. Enquanto a tração traseira e a ausência de ABS e de direção assistida faziam as delícias dos puristas pela relação ainda mais direta e sem “filtros” entre o homem, máquina e o asfalto.

Mais conforto, o mesmo exotismo de sempre
Um ano após o lançamento, a Renault passou a oferecer uma versão com para-brisas convencional, uma solução que aumentava a proteção aerodinâmica dos ocupantes e permitia montar uma capota rudimentar para proteger o interior da chuva, mas que em nada afetava as características do Spider.
Em 1995, Christian Contzen, Diretor da Renault Sport, apresentou um concept-car de um “Spider Trophy”. Sem homologação para estrada e destinado exclusivamente para utilização em pista, o Spider Troféu era em tudo similar à versão para estrada, embora com componentes mecânicos devidamente adaptados para utilização numa competição monomarca.

O motor 2.0 16V beneficiou de um sistema de injeção diferente, de um escapamento de competição e de uma nova gestão eletrônica que permitiu chegar aos 180 cavalos de potência, enquanto a transmissão recebeu uma caixa manual de dentes direitos e com seis velocidades. A distribuição de frenagem podia ser ajustada no habitáculo, o que permitia ao piloto “jogar” com o traçado da pista e tirar pleno partido da imensa rigidez do chassis do Spider.
Esta versão de competição, da qual só foram produzidas 90 unidades, proporcionou emocionantes corridas nos programas dos GPs de Fórmula 1 na Europa, dando à Renault uma acrescida visibilidade e aos espectadores um excelente espetáculo, já que pelas características inatas do Spider e pelo equilíbrio técnico, as provas eram muito disputadas.
Entre 1995 e 1999, saíram 1.726 unidades do Spider da fábrica da Alpine e com a maioria a ser vendida no mercado interno francês e alemão (em Portugal foram vendidas 7 unidades entre 1996 e 1998.
Passados 25 anos após o lançamento comercial, o Renault Spider continua a ser um objeto de desejo para os fãs de automóveis verdadeiramente especiais e um tributo ao espírito de inovação, arrojo e coragem da engenharia da Renault.

Caraterísticas técnicas
Motor
Tipo: 4 Cilindros em linha, 16 válvulas
Cilindrada: 1998cc
Posição: Transversal, central/traseira
Alimentação: Injeção eletrônica multiponto
Diâmetro x Curso: 82,7x93
Potência: 150 cavalos às 6000 rpm
Torque: 185 Nm às 4500 rpm
Transmissão: Caixa manual de 5 velocidades
Tração: Traseira
Travões: Disco ventilados/discos
Pneus: 205/50 R16” (frente) – 225/50 R16” (atrás)
Peso: 930 kg (965 kg com para-brisas)
Velocidade máxima: 213 km/h (204 km/h com para-brisas)
Aceleração: 0 a 100 km/h: 6,9 segundos
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