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Especialistas apontam possíveis causas, desafios na manutenção e caminhos para evitar novos incidentes
O descarrilamento de um trem da Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo, operada pela ViaQuatro, ocorrido em 9 de setembro de 2025, entre as estações Estação Vila Sônia e Estação São Paulo–Morumbi, reacendeu o debate sobre os padrões de manutenção, fiscalização e segurança no transporte público da maior metrópole do país.
Embora nenhum passageiro tenha ficado ferido, o incidente provocou dias de interrupções, operação em via única e ativação do plano emergencial Paese com ônibus substitutos. A operação só foi totalmente normalizada em 15 de setembro, quase uma semana depois. O acidente envolveu o último carro da composição, que se soltou da composição e saiu dos trilhos, segundo informou a concessionária.
As causas oficiais ainda estão em investigação pela ViaQuatro e pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, mas engenheiros especializados em transporte sobre trilhos apontam três hipóteses técnicas principais, baseadas em ocorrências semelhantes no Brasil e no exterior:
Falha de componente no rodado (eixo, truque ou roda): peças com desgaste prematuro, fissuras metálicas ou desalinhamento podem provocar vibrações e perda de contato com os trilhos.
Problema na via permanente (trilhos, dormentes e fixações): trincas, desalinhamentos longitudinais ou transversais e desgaste do trilho podem desestabilizar o último carro, que sofre mais esforços laterais em curvas e acelerações.
Acoplamento e distribuição de cargas: o fato de o último carro ter descarrilado isoladamente pode indicar excesso de esforço lateral ou falha no engate, que libera forças anormais sobre esse carro.
A ViaQuatro informou que será necessária a importação de componentes específicos da Europa para a reposição, o que reforça a hipótese de falha estrutural mecânica localizada.
Segundo o engenheiro ferroviário Carlos Alberto Assis, professor da Escola Politécnica da USP, “descarrilamentos em sistemas metroviários modernos são extremamente raros e quase sempre associados a múltiplos fatores combinados, como desgaste do trilho, defeito no truque e condições ambientais adversas”.
Ele destaca que a Linha 4-Amarela utiliza trens automatizados e sistema de condução sem operador, o que aumenta a precisão do controle de velocidade e frenagem, mas exige rotinas de manutenção muito rigorosas para compensar a menor intervenção humana imediata.
Especialistas defendem ações estruturais e imediatas para evitar reincidências:
Inspeções ultrassônicas e ensaios não destrutivos nos trilhos e eixos em intervalos menores que os atuais.
Monitoramento contínuo por sensores embarcados de vibração e temperatura nos truques, capaz de detectar falhas antes que ocorram.
Protocolos de auditoria externa independente sobre manutenção e qualidade de peças, especialmente para operadores privados como a ViaQuatro.
Planos de contingência e evacuação atualizados, testados periodicamente com passageiros e equipes.
“Esses incidentes, mesmo sem feridos, abalam a confiança do público e afetam a imagem de confiabilidade do sistema metroviário”, analisa o consultor de mobilidade Ricardo Goulart. “É essencial garantir transparência total na apuração e investir em tecnologias preventivas.”
As autoridades estaduais aguardam os laudos técnicos finais, que devem esclarecer:
A causa raiz do descarrilamento: se mecânica, estrutural ou operacional.
Se será necessário substituir peças em outros trens da frota para evitar falhas similares.
Se houve falhas de manutenção ou fiscalização contratual por parte da concessionária.
Enquanto isso, os passageiros da Linha 4-Amarela seguem usando o serviço com atenção redobrada e com os transtornos ampliados em sua rotina diária— e aguardando respostas claras e medidas preventivas concretas.
Data | Local / Trecho | Tipo de ocorrência | Impacto operacional |
Março/2020 | Estação Paulista | Pane elétrica nos sistemas de sinalização | Operação suspensa por cerca de 3 horas no horário de pico da manhã |
Outubro/2021 | Estação Pinheiros | Inundação causada por fortes chuvas | Interrupção parcial por 6 horas; água invadiu túnel e via |
Fevereiro/2022 | Entre Estação Fradique Coutinho e Estação Paulista | Falha no sistema de controle automático (CBTC) | Velocidade reduzida e comboios espaçados ao longo de 48 horas |
Junho/2023 | Estação Higienópolis-Mackenzie | Problema em porta de plataforma | Intervalos irregulares por 5 horas durante pico da tarde |
Abril/2024 | Estação Luz | Pane elétrica geral no sistema de alimentação | Linha totalmente paralisada por cerca de 1h30 |
Setembro/2025 | Entre Estação Vila Sônia e Estação São Paulo–Morumbi | Descarrilamento do último carro de uma composição | Interrupção parcial por 6 dias; ativação de plano Paese |
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