Carros que vivem perto do mar enferrujam mais rápido?
- Artur Semedo artursemedo@revistapubliracing.com.br
- há 4 horas
- 3 min de leitura

⚠️ De onde vem esse mito
Há décadas circula a ideia de que carros usados em cidades litorâneas sofrem mais com corrosão, porque o ar carregado de sal marinho aceleraria a oxidação das carrocerias. Esse conceito tem origem no passado, quando os veículos eram feitos com chapas de aço expostas e pouco protegidas contra a corrosão, e a galvanização não era um processo padrão na indústria.
Na época, era comum ver bolhas de ferrugem surgirem em poucos anos em carros que ficavam constantemente expostos à maresia — especialmente nas décadas de 1970 e 1980 no Brasil.
⚙️ Como a corrosão acontece
A corrosão é um processo eletroquímico no qual o ferro presente no aço reage com oxigênio e umidade, formando óxidos (ferrugem).A neblina salina proveniente do mar acelera esse processo porque:
Contém íons de cloreto (sal) que quebram a camada passivadora natural do metal, expondo o aço cru;
Aumenta a condutividade elétrica da umidade depositada sobre a superfície metálica, acelerando a reação eletroquímica;
Deposita cristais microscópicos de sal que mantêm a umidade retida, criando microambientes corrosivos estáveis.
Por isso, em teoria, ambientes costeiros favorecem a corrosão — mas isso só se torna crítico se não houver proteção anticorrosiva eficaz.
🛡️ Como os carros modernos combatem a corrosão
A grande diferença está na evolução dos materiais e processos de fabricação.
Hoje, praticamente toda a indústria utiliza:
Aço galvanizado (revestido com uma camada de zinco) que cria uma barreira e ainda protege catodicamente o aço por baixo.
Ligas metálicas avançadas como aços de alta resistência com adição de silício, alumínio e magnésio, que têm maior resistência natural à oxidação.
Banhos por eletrodeposição (e-coat): todas as carrocerias passam por um processo de pintura por imersão que reveste cada milímetro de metal, inclusive cavidades internas.
Selantes e ceras protetoras nas cavidades, aplicados por robôs após a pintura, para bloquear a entrada de umidade.
Plásticos e compósitos estruturais, que substituem painéis metálicos em zonas críticas (para-lamas, tampas, suportes), eliminando pontos de corrosão.
Graças a isso, um carro atual é, em média, dez vezes mais resistente à corrosão do que um carro produzido nos anos 1980.
📌 O que mostra a realidade atual
Estudos de durabilidade de montadoras como Volkswagen e Toyota em regiões costeiras apontam que, após 10 anos, a diferença de corrosão entre carros usados no litoral e no interior é mínima, desde que a manutenção preventiva seja realizada corretamente.
Ensaios de câmara de neblina salina (padrão ASTM International B117) mostram que aços galvanizados modernos resistem mais de 1.000 horas sem formação de ferrugem visível.
Os casos de ferrugem precoce no litoral normalmente estão ligados a:
batidas mal reparadas, onde a proteção anticorrosiva original não foi reconstituída
arranhões profundos expostos ao metal cru
lavagens irregulares, que permitem o acúmulo de sal por longos períodos
⚖️ Então, mito ou verdade?
🟡 Parcialmente mito.O ar salino aumenta o potencial de corrosão, mas os carros modernos são projetados para resistir a esse ambiente por muitos anos.Ou seja, morar perto do mar não condena a carroceria do carro, desde que o veículo não tenha danos expostos e receba manutenção mínima preventiva.
🧴 Dicas práticas para donos de carros no litoral
🧽 Lave o carro regularmente, inclusive na parte inferior, para remover resíduos de sal.
🛡️ Aplique proteção cerâmica ou selante de pintura, que dificulta a fixação de partículas salinas.
🛠️ Repare imediatamente riscos profundos ou pontos de ferrugem, antes que o metal fique exposto.
🏠 Evite estacionar constantemente em áreas com pulverização direta de água do mar, como calçadões e píeres.
💬 Conclusão
O mito tem raiz histórica: carros antigos realmente sofriam com a maresia. Mas com a evolução da engenharia automotiva, os carros atuais possuem ligas e tratamentos anticorrosivos altamente eficazes, tornando o problema muito menos relevante. Hoje, o fator decisivo é a manutenção preventiva e não a proximidade do mar.
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