A Renault iniciou a atualização da sua gama de veículos no Brasil, com a renovação estética do seu hatch compacto Sandero. Com um dos habitáculos mais amplos do segmento, a marca francesa necessitava renovar seu modelo, preparando assim o “embate” diante das revoluções realizadas pelas marcas nos lideres do segmento. Se no caso da Chevrolet e da Hyundai as renovações de Onix e HB20, respetivamente, foram muito mais profundas, já no caso do modelo francês, o caminho escolhido foi o da atualização estética, muito mais próxima do que se tornou comum chamar de facelift. No entanto, o trabalho final resultou num produto bem moderno e esteticamente atraente.
E nós recebemos para teste a versão Intense de motor 1.6 e câmbio automático do tipo CVT. A opção é a mais completa de toda a linha Sandero, excluindo, claro, o esportivo RS que também foi atualizado e do qual falaremos brevemente em pauta que já preparamos para vocês.
Sem duvida que as alterações ao design do modelo deixaram ele bem moderno. O Sandero ficou atraente e a cor da unidade testada por nós chama muita os olhares para o hatch francês.
Outra característica bem interessante que permanece inalterada é a sensação imediata de um veiculo de generosas dimensões. São 1.730 (mm) de largura, 1.570 de altura, 4.070 de comprimento e 2.590 de distância entre os eixos.
O Sandero se posiciona de forma elevada em relação ao solo, quase como um Stepway, a versão mais aventureira do modelo, já que é notório o espaço generoso entre as rodas e a carroceria, passando quase uma sensação de crossover. É destaque o novo desenho, tanto dos faróis dianteiros, como das luzes traseiras. A assinatura em LED de condução diurna realça, e assina, de forma elegante a nova frente, assim como também o LED permite agora identidade própria ao grupo ótico traseiro.
A frente ganhou ainda uma nova grade frontal e uma “janela” inédita para os faróis de neblina, de design bem dinâmico e muito bem integrado no para-choques dianteiro e ainda com moldura em cromado para marcar a exclusividade da versão. Os espelhos retrovisores são com ajustes elétricos e sinalização de mudança de direção integrados, sendo a peça principal na cor da carroceria.
A Renault ainda utiliza o plástico como acabamento de toda a parte inferior da carroceria, passando pela caixa de rodas, contornando ambos os para-choques, e harmonizando, com o tom escuro utilizado na peça inferior dos espelhos retrovisores e nas molduras das janelas.
Antes de acessarmos ao interior, um merecido destaque para as esportivas rodas de aro 16”, diamantadas em tom de cinza e onde são instalados pneus de medida 205/55 R16, ajudando assim a entregar uma estética bem interessante e moderna para nosso Sandero.
A chave é do tipo canivete para todas as versões, mas imediatamente observamos alguns itens que são exclusividade desta versão 1.6 CVT Intense. São eles o ar condicionado automático, o banco traseiro rebatível 1/3 e 2/3, a câmera de ré e os vidros traseiros elétricos com tecnologia "one touch".
Ainda destacamos a atualização da tradicional e prática multimídia da Renault, com conectividade via Android Auto e Apple CarPlay e que permite o uso de vários apps do seu smartphone, como Spotify, Waze, Google Maps e áudios de WhatsApp, em uma tela 7’’ sensível ao toque. Nesta tela são também disponibilizadas as imagens da câmera de ré, além de observar dados sobre a eficiência de sua condução em termos de consumo.
O interior do Sandero, mesmo nesta versão mais completa, é essencialmente prático, sem grandes requintes, mas com tudo acessível de forma prática, e disponibilizando um bom espaço de movimentos para todos os passageiros, esse é um dos diferenciais do modelo diante da forte concorrência. Já que falamos em espaço, outro destaque do modelo é sem dúvida o volume disponibilizado no porta-malas, com 320L ele é o maior se comparado com os seus principais concorrentes e acompanhando o generoso espaço interno. A Renault ainda inovou com o novo botão de abertura da tampa traseira no exterior, bem no interior do logo da marca, uma solução bem curiosa e interessante. As peças que compõem o habitáculo do Sandero são bem integradas e o acabamento vem evoluindo ao longo do tempo no modelo, misturando plástico duro com superfícies emborrachadas e ainda acabamento em preto brilhante em alguns pormenores do painel frontal.
Ele vem com itens fundamentais de conforto e segurança como piloto automático e limitador de velocidade, sensor de estacionamento, cinto de segurança de 3 pontos e apoio de cabeça regulável em altura para todos os ocupantes, sem esquecer o necessário sistema de fixação para cadeirinhas Isofix, o assistente de partida em rampas, que impede que o carro desça na hora da partida em terreno inclinado, controle eletrônico de estabilidade, freios ABS, e quatro airbags de série, sendo dois frontais e dois laterais. Uma última referência para as barras de proteção laterais nas portas, de série também em todas as versões.
Preparamos agora nossa posição de condução, ajustando o volante (só em altura) e olhando para o painel de instrumentos, que embora tradicional e simples, é agradável e de fácil leitura. Ainda em relação ao volante, que tem acabamento em couro sintético, destaque para a correta espessura, com pormenores em cromado e tons de prateado acompanhando alguns pormenores do painel, como saídas do ar condicionado, e alavanca do câmbio. Também temos disponíveis no volante os ajustes do limitador de velocidade e piloto automático, já as opções de áudio ou controles de chamada telefônica são gerenciados através da já tradicional alavanca atrás do volante (lado direito) que, pelo menos para nós, continua sendo uma boa opção, de acesso rápido e fácil.
Hora de conhecer o comportamento dinâmico do nosso Sandero. Atualmente a linha do hatch oferece duas motorizações, a 1.0 de três cilindros e 12 válvulas e ainda as versões com motor 1.6 (1.597 cm³), que são disponibilizadas com câmbio manual ou automático do tipo CVT como o da versão topo de linha alvo da nossa atenção. A motorização é bem conhecida dos modelos da marca, o quatro tempos bicombustível (gasolina e/ou etanol), com quatro cilindros em linha e 16 válvulas e que entrega 115 cv com gasolina ou 118 cv se abastecido com etanol, potência máxima disponibilizada em ambos os combustíveis nas 5.500 rpm. Já o torque é de 16 kgfm nas 4.000 rpm.
Nesta versão o motor trabalha em conjunto com o câmbio automático do tipo CVT que simula 6 marchas e que prioriza a praticidade para quem dirige rotineiramente na cidade, mas em nossa opinião retira bastante do dinamismo ao modelo em relação às versões de transmissão manual (5 marchas) com este mesmo motor, como por exemplo, a Zen, testada por nós meses atrás. O câmbio CVT e seus ajustes deixam a permanente sensação de recursos limitados para manobras mais exigentes, como retomadas ou ultrapassagens. Naturalmente que o condutor comum vai preferir o câmbio automático e sua comodidade, mas quem, como nós, gosta de uma condução mais dinâmica e com o carro mais “solto” a versão de câmbio manual é mais interessante.
Mas continuamos com a observação ao comportamento dinâmico do Sandero ao longo dos praticamente 400 km que percorremos em nosso teste. A suspensão, do tipo MacPherson de triângulos inferiores na dianteira e rodas semi-independentes e eixo semirrígido na traseira entrega um bom compromisso entre estabilidade e o necessário conforto, não sendo, no entanto, um carro de reações dóceis, assim como também não é muito suave a direção, eletro-hidráulica é, sem dúvida, firme e precisa, mas poderá ser considerada pesada para um dia a dia de transito urbano e manobras de estacionamento em pequenos espaços.
Já em relação aos freios, a receita habitual nos hatch compactos que disputam a preferência do consumidor brasileiro, com discos na frente e tambor atrás, com eficiência auxiliada pelo sistema de ABS, deixando as frenagens seguras e sem surpresas, um resultado de compromisso com a segurança sem grandes tecnologias, mas o suficiente para frear com total segurança os 1140 kg de peso da versão CVT, a mais pesada de todas as opções da linha Sandero.
Já em relação ao consumo, resultado sem grandes surpresas ou euforias, já que chegamos ao final do habitual circuito misto com média final e 8,1 km/l e nosso Sandero sempre abastecido com etanol.
Conclusão do editor – Com 3303 unidades emplacadas em março, totalizando 10 492 veículos que ganharam as ruas ao longo dos três primeiros meses do ano, o Sandero ficou mais jovem, mais atraente e é atualmente um dos hatch compactos de visual mais agradável no mercado brasileiro. No entanto, seu desempenho comercial em 2020, atrás de muitos dos seus principais concorrentes como, Polo, Argo, Gol, HB20, Ka ou Onix parece ter como única explicação a falta de uma mecânica mais atual. Se a motorização 1.0 de três cilindros é o caminho igualmente seguido pelos concorrentes para as versões de entrada, já nas opções mais completas, a ausência de um conjunto mecânico atualizado, mais ágil e econômico, além da ausência de algumas tecnologias que já equipam as versões mais completas dos concorrentes, são fatores que parecem influenciar no resultado comercial. Seus grandes argumentos são a estética, agora entre as melhores do segmento, o espaço, igualmente destaque inquestionável, e o preço, um dos mais competitivos no segmento, com a versão testada por nós a ser vendida por R$ 68.390.
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