"Precisamos ampliar a presença do modal ferroviário no país. Uma tarefa que não é simples, uma vez que o Brasil tem dimensões continentais e os investimentos ferroviários são constituídos, na maior fatia, pela iniciativa privada sem a aplicação de recursos públicos. Mas, estamos discutindo novos modelos, inclusive com parcerias público-privadas e vamos aumentar os investimentos públicos no modal. O Ministério da Infraestrutura, por meio da INFRA SA, pretende mais que quadruplicar os recursos aplicados em ferrovias no Brasil esse ano".
A afirmação é do ministro dos Transportes, Renan Filho, que participou da cerimônia de abertura da NT Expo - Negócios nos Trilhos, principal ponto de encontro do setor ferroviário na América Latina, que acontece no São Paulo Expo, capital paulista, até quinta-feira (2).
O secretário de Transportes Ferroviários do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, também reforçou a mensagem do ministro sobre a ampliação da malha ferroviária. Ele falou sobre a ideia de expandir a matriz de transportes no Brasil trazendo convergências para o desenvolvimento de uma agenda global.
"O mundo caminha para a busca da ampliação dos investimentos públicos e privados em uma infraestrutura sustentável. E as ferrovias fazem deste contexto como um modal seguro, sustentável do ponto de vista verde e eficiente na redução do Custo Brasil", destacou.
Ribeiro ainda citou como exemplo desta agenda global países como a Alemanha e a Índia que têm planos de investimentos em infraestrutura no setor ferroviário na ordem de 82,9 bilhões de euros e 32,9 bilhões de dólares, respectivamente.
Ainda na cerimônia de abertura, o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, falou sobre a atuação da ANTT e a importância do diálogo entre todos os atores do setor. "Um exemplo claro foi o destravamento da ferrovia Transnordestina, que foi possível por meio do diálogo entre a concessionária e o Tribunal de Contas da União (TCU). O senso de cooperação tem que vir antes da palavra competitividade", destacou Vitale. Ele também demonstrou otimismo em relação ao regime de autorizações ferroviárias.
O VP Latam, Digital Strategy & Business Development da Informa Markets Brasil, organizadora da NT Expo, Rodrigo Moreira, alertou sobre a baixa participação do modal na matriz de transportes do país e o potencial de crescimento do transporte ferroviário. Esta edição do evento coincide com um momento do mercado de intensas discussões em torno da necessidade de aumentar a participação do modal na matriz de transporte de carga nacional e potencializar sua participação no desenvolvimento econômico e social nas diversas regiões do país. Temos reunidas na NT Expo deste ano cerca de 200 marcas nacionais e internacionais, representantes do que há de mais moderno e inovador em equipamentos, tecnologia e serviços para o transporte ferroviário de cargas e passageiros e que traduzem este momento de otimismo e expectativa.
Executivos analisam as perspectivas do setor para os próximos anos
Principal atração da 23ª edição da NT Expo - Negócios nos Trilhos, o Congresso NT Expo, trouxe no primeiro dia de programação um painel com autoridades do governo federal e representantes de associações do setor que opinaram sobre as impressões com relação às perspectivas para o futuro próximo do setor ferroviário. "Temos que construir uma agenda positiva do setor ferroviário. É preciso concentrar os esforços no 'como' desenvolver o modal e sair do campo das suposições apenas. A ferrovia não é apenas um meio de transporte de cargas, e sim um modal com o potencial de ser um agente transformador no aspecto sócio-econômico no Brasil", disse o diretor-executivo da Associação Nacional das Ferrovias Autorizadas (ANFA), José Luis Vidal.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate, também citou a importância do setor para o desenvolvimento do país em todas as frentes. "Todo o movimento do modelo de autorização para novos projetos de ferrovias é um indutor para o ressurgimento da indústria ferroviária, com a possibilidade de diminuir a ociosidade de produção atual, que foi agravada nos últimos dois anos com a pandemia. Nós acreditamos que o setor ferroviário é estratégico para o desenvolvimento do país e que estamos na direção de avanços significativos para os próximos anos", ressaltou Abate.
O diretor de empreendimentos da INFRA SA do Ministério dos Transportes, Alex Trevizan, lembra que a construção de uma ferrovia é uma obra que leva muito tempo e sofre com uma série de dificuldades que vão desde as questões de licenças ambientais até a busca por mão de obra qualificada. Por essa razão, ele opina que o governo precisa olhar para a melhoria do arcabouço jurídico e dos aspectos regulatórios para atrair o investimento da iniciativa privada. "o diálogo entre todos os atores do setor é o melhor caminho para mantê-lo aquecido", disse Trevizan.
Já o vice-presidente Executivo Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Antonio Carlos Sanches, destacou a expectativa da associação para a construção do Marco Legal do Transporte Público Coletivo, que visa a reestruturação do modelo de prestação de serviços de transporte público coletivo. "Muitos projetos estão prontos para sair do forno e o Marco é fundamental para animar os investidores e destravar esses projetos", apontou Sanches. O texto da minuta do projeto de lei para o novo Marco está em consulta pública e já recebeu cerca de 408 contribuições da sociedade.
Mobilidade Urbana e os impactos da conectividade e das novas tecnologias
A falta de uma visão para promover uma logística de mobilidade urbana com uma previsão de médio a longo prazo é um dos entraves dos grandes centros metropolitanos. Esse foi um dos assuntos comentados pelo secretário Nacional de Mobilidade Urbana - Substituto Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos (DEMOB) do Ministério das Cidades, Marcos Daniel Souza dos Santos, e o diretor presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Pedro Tegon Moro, em um painel de debate durante o Congresso NT Expo.
Santos falou sobre a reconstrução da secretaria onde atua e como o transporte público é uma das principais pautas da pasta. "É importante prospectar as demandas do transporte público a médio e longo prazo e retomar o ciclo completo do investimento, respeitando todas as etapas, desde o estudo e projeto inicial", avaliou o secretário. Para ele, a tecnologia e a conectividade são meios que facilitam a ideia de inverter a lógica atual de destaque do transporte individual para o coletivo. "A tecnologia e a conectividade contribuem para melhorar a regulação do setor, a prospecção dos projetos para que saiam do papel e em como aportar os recursos necessários. E mais importante, ajudam a melhorar a experiência do usuário", disse o secretário.
Neste sentido, o diretor presidente da CPTM reforçou como a companhia está focada em fazer um planejamento estratégico integrado com os aspectos atuais do desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo. Ele mencionou ainda a mudança na configuração da demanda do transporte coletivo sofrida nos últimos anos com a pandemia.
Moro também destacou a importância da experiência do usuário. "Somos a primeira empresa a fazer um mapeamento de toda a jornada do passageiro com o objetivo de aplicar ações estratégicas específicas. O resultado foi que, em 2022, tivemos a avaliação de passageiros mais alta já recebida pela companhia", salientou.
Atração de investimentos e financiamentos para o setor ferroviário
O painel de fechamento do primeiro dia do Congresso NT Expo abordou a atração de investimentos e financiamentos para o setor ferroviário. Como representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o engenheiro Edson José Dalto, fez uma apresentação sobre a atuação do banco no financiamento de projetos e dados de como a média de participação do BNDES no investimento das principais concessionárias está decrescente após 2018.
O gerente de Modelagem Econômico Financeira da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Paulo Roberto de Oliveira Júnior, ratificou a importância do papel do BNDES nos projetos do setor ferroviário. Ele também falou sobre novos critérios que estão sendo pensados pela para a revisão das taxas de desconto nos projetos de concessão conforme os níveis de risco dos projetos. Segundo ele, está na agenda da ANTT a apresentação desta nova metodologia em audiência pública prevista para maio. A ideia é que projetos greenfield, como a Ferrogrão, que devem levar cerca de 10 anos para igualar o fluxo de caixa sejam taxados de forma diferente do que concessões antecipadas que já comprovam um fluxo estável, por exemplo.
Serviço:
NT Expo – Negócios nos Trilhos – 23ª Edição
Data: De 28 de fevereiro a 2 de março de 2023.
Local: São Paulo Expo.
Horário: das 13 às 20h.
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