Editorial: O futuro da mobilidade no Brasil diante da eletrificação
- Artur Semedo artursemedo@revistapubliracing.com.br
- há 1 dia
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Nos últimos meses, em quase todas as conversas sobre indústria automotiva, o tema da eletrificação surge como se fosse um caminho inevitável e único. Vejo com clareza que o Brasil não pode, nem deve, simplesmente copiar os modelos europeus ou asiáticos. Nossa realidade é distinta – tanto em termos de infraestrutura quanto de matriz energética – e insistir em uma transição elétrica pura, sem considerar nossas particularidades, pode ser um erro estratégico com consequências sérias.
É verdade que os veículos elétricos a bateria representam avanços em eficiência, tecnologia e redução local de emissões. Mas como podemos falar em adoção em massa no Brasil quando ainda convivemos com redes de carregamento insuficientes, energia cara em muitos estados e uma malha rodoviária que exige autonomia muito maior do que os modelos atuais oferecem?
Temos um trunfo que poucos países possuem: o etanol. Uma solução limpa, renovável, já consolidada e que permite resultados reais de descarbonização imediata. Os híbridos flex que rodam hoje em nosso país mostram que podemos conciliar o melhor dos dois mundos: eletrificação parcial com uso de um combustível sustentável, de produção nacional, que ainda movimenta toda uma cadeia agrícola e industrial.
O futuro da mobilidade brasileira precisa ser pensado de forma pragmática. Não se trata de negar a eletrificação, mas sim de construí-la dentro de uma estratégia realista, que respeite o consumidor e valorize as soluções locais. Precisamos de uma visão clara do governo, de políticas consistentes de incentivo e, sobretudo, de investimentos em infraestrutura.
Se a Europa pode falar em eletrificação total para 2035, o Brasil deve falar em transição inteligente, aproveitando cada vantagem competitiva que temos. O futuro da mobilidade por aqui passa pela diversidade tecnológica, e não pela imposição de um único caminho.
👉 E você, qual acredita ser o melhor caminho para o Brasil na próxima década: elétrico, híbrido ou etanol? Comente e deixe a sua opinião!
Artur Semedo - Editor Publiracing
Finalmente uma cabeça pensante neste país. Parabéns.
João Paulo Trevisan