
A CLEPA, Associação Europeia dos Fornecedores da Indústria Automóvel (Sistemistas), encomendou à PwC Strategy& a avaliação do impacto, da política do Green Deal (Pacto Ecológico Europeu), sobre o emprego na cadeia dos fornecedores da indústria automobilistica em toda a Europa no período 2020-2040. Três eventuais cenários representam uma abordagem de tecnologia mista e todos eles pressupõem uma eletrificação acelerada para cumprir as metas ambientais, com uma elevada cota de mercado de veículos elétricos até 2030. Numa primeira análise chegando a 50% dos veículos vendidos sendo elétricos, em outro cenário 80% ou ainda perto de 100%, respetivamente.
A indústria automóvel (montadoras e fornecedores) é responsável por mais de 5% do total do emprego na indústria transformadora em 13 Estados-Membros da UE, sendo que os fornecedores da indústria automobilística são responsáveis por mais de 60% desses empregos. O estudo fornece uma avaliação a nível europeu e ainda identifica os riscos e oportunidades em sete dos principais países produtores de peças e componentes (Alemanha, Espanha, França, Itália, República Checa, Polónia e Roménia). O estudo também é o primeiro deste tipo a avaliar o impacto de diferentes vias políticas para atingir os objetivos do Green Deal, com foco nos fornecedores da indústria automóvel e a preocupação com o futuro.
Enquanto os fabricantes de automóveis têm uma capacidade maior para se reorganizarem e direcionarem seus investimentos para outro tipo de produto, com menos acesso a capital para investir na transformação dos seus modelos de negócio, a indústria de autopeças e sistemistas vêm com muita preocupação o momento atual, não como eventual transformação acelerada, mas muito mais de verdadeira rotura com o modelo de negócio que veio até aqui ao longo das últimas décadas.
Transição
O estudo prevê que 70% do impacto no emprego será sentido já no período de 2030-2035 e corrobora que as oportunidades na criação de emprego com o veículo elétrico dependem do estabelecimento de uma ampla cadeia de abastecimento de baterias na UE, cujo momento e probabilidade ainda são incertos. Os países da Europa Ocidental parecem estar em melhor posição para serem redutos na produção de motores para veículos elétricos, enquanto o emprego nos países da Europa Central e Oriental permanecerá altamente dependente do motor a combustão interna.
Henning Rennert, sócio da PwC Strategy& Alemanha, declarou:“Embora, por um lado, a eletrificação coloque em risco o emprego relacionado com o powertrain, no futuro a qualificação dos trabalhadores precisará de outras competências em áreas como o software ou infraestrutura. O valor acrescentado e a criação de emprego nas tecnologias de powertrain dependerá da produção de baterias na Europa“.
O Presidente da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (Portugal), José Couto, afirmou que: “O estudo elaborado pela CLEPA e onde a AFIA teve um papel muito ativo, evidencia o impacto a médio e longo prazo do processo da transição energética nas empresas da indústria de componentes para veículos. Esta indústria em Portugal emprega 62 000 trabalhadores, 8,8% do emprego da indústria transformadora, na sua maior parte qualificados e com remunerações acima da média nacional. Pelo que neste contexto é necessário que a União Europeia crie instrumentos que possibilitem enfrentar as tendências impostas pela transição energética, de forma a proteger os empregos e as empresas”.
Recomendações políticas da CLEPA
A associação dos sistemistas europeus refere que a atual proposta ‘Fit for 55’ sobre as normas de emissão de CO2 para carros e vans (veículos ligeiros de mercadorias) apenas considera as emissões que saem do tubo de escape do veículo, ignorando as emissões relacionadas com a produção e forma como a eletricidade necessária para abastecer esses veículos é gerada.
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