Por ocasião do GP de Monza, realizado este final de semana, um dos mais importantes jornais esportivos italianos, a Gazzetta dello Sport, realizou uma entrevista ao atual presidente da Ferrari e neto de Agnelli, John Elkann, que falou de diversos temas, da indústria ao esporte, passando também pelo futebol. A conversa foi conduzida pelo jornalista italiano, Pier Bergonzi.
Deixamos aqui alguns dos trechos mais importantes da entrevista - Abre Aspas.
Este fim de semana em Monza é sobretudo um momento de celebração, para a Itália e para o automobilismo. Aliás, até o Presidente da República estará conosco amanhã. Estamos orgulhosos da proeminência de nossas incríveis marcas italianas que acumularam 19 vitórias no GP da Itália em Monza, 19 com Ferrari, oito com Alfa Romeo, 2 com Fiat e 2 com Maserati.
Com trabalho em equipe, somos competitivos: 4 vitórias e avanços nos pit stops.
Este ano, somos competitivos, como eu havia previsto há dois anos transformamos essa competitividade em vitórias. Finalmente voltamos ao degrau mais alto do pódio, quatro vezes até agora. Por trás desses sucessos está muito trabalho da equipe. No esporte profissional, são os pequenos detalhes que fazem a diferença. Em 2020, 48% de nossos pit stops foram concluídos em menos de 3 segundos, com tempo médio de 2,75. Nos primeiros 15 Grandes Prêmios deste ano, 70% das paradas foram abaixo de 3” e a média foi de 2,6.
Confiança e reconhecimento pelo que Binotto e a equipe fizeram, mas é necessário mais progresso, pois ainda há muitos erros sendo cometidos.
Temos muita fé em Mattia Binotto e apreciamos tudo o que ele e todos os nossos engenheiros fizeram. Mas não há dúvida de que o trabalho em Maranello, na garagem, na parede dos boxes e ao volante precisa melhorar. Devemos continuar a progredir e isso vale para os mecânicos, os engenheiros, os pilotos e, obviamente, toda a equipe de gerenciamento, incluindo o chefe de equipe. Vimos que ainda há muitos erros quando se trata de confiabilidade, direção e estratégia. Colocar nossa confiança em Binotto e sua equipe foi a decisão certa e valeu a pena. Graças a eles, somos competitivos e vencemos novamente. Mas não estou satisfeito porque acho que sempre podemos fazer melhor
A Ferrari confiante pode vencer o campeonato de pilotos e construtores até 2026 com a dupla de pilotos mais forte do grid.
Nosso primeiro objetivo era ser competitivo. Se você não for, então você não tem para onde ir, enquanto você sempre pode trabalhar na confiabilidade. É por isso que acredito que antes de 2026 a Ferrari voltará a ganhar os títulos de Construtores e Pilotos, com Charles Leclerc na pole position. Temos a sorte de ter dois grandes pilotos, provavelmente a dupla mais forte da Fórmula 1.
Juventus: convencidos de que podem vencer o campeonato novamente.
Estou mais do que confiante, estou convencido (de que a Juventus pode vencer novamente): a Juve está passando por um novo ciclo, como aconteceu muitas vezes na história centenária que liga minha família à camisa branca e preta. A equipe mudou muito e, como treinador, Allegri conhece bem o clube e seu espírito característico de tenacidade e força. É uma pena que ainda não tenhamos visto a Juve disparando e mostrando seu verdadeiro potencial, por causa de jogadores lesionados.
Esporte profissional: intermediários, organizadores e reguladores, todos estão motivados por dinheiro e poder, enquanto o foco deveriam ser os torcedores, os atletas e as equipes.
Estou preocupado com o que está acontecendo no futebol e nos esportes profissionais em geral. No coração do sistema devem estar os torcedores, os atletas e as equipes. Mas há uma perigosa derivação que favorece os intermediários, os organizadores e reguladores que estão colocando o mundo do esporte em uma posição difícil porque a única coisa que os motiva é dinheiro e poder. Tenho fé no trabalho que meu primo Andrea Agnelli está fazendo, comprometido e apaixonado pelo futebol e pelo futuro do esporte.
Stellantis: Marchionne ficaria orgulhoso, em 2004 estávamos lutando por nossas vidas e agora estamos na Liga dos Campeões.
Sergio ficaria muito orgulhoso de ver o que Stellantis está fazendo. Eu penso em quando esta aventura começou. Em 2004, a Fiat lutava para evitar o rebaixamento. Então conseguimos, junto com a Chrysler e a FCA, competir no meio da tabela e quem sabe jogar a Liga Europa. Com o Stellantis, que tem pouco mais de um ano, estamos na luta pela conquista do campeonato e estamos na zona dos campeões. Dentro da equipe Stellantis, as marcas italianas aparecem muito bem. O 500 elétrico ganhou mais prêmios do que qualquer outro Fiat: a Maserati está indo muito bem e voltará ao automobilismo em corridas para carros elétricos; A Alfa Romeo volta a ser lucrativa graças aos novos modelos e a Lancia está prestes a lançar uma série de produtos elegantemente italianos.
Primeira Ferrari elétrica em 2025, com Vigna havia ceticismo no início, mas agora há entusiasmo.
Benedetto Vigna é um homem muito talentoso. Ele está tão em contato com a tecnologia que consegue humanizá-la. Ele está construindo um futuro eletrizante para a Ferrari. Estou satisfeito, até orgulhoso de ver como, dentro da empresa, o clima passou do ceticismo inicial ao entusiasmo pela Ferrari elétrica que ganhará vida em 2025.
Automobilismo, em 2023 a Ferrari correrá em Hypercars pela primeira vez em 50 anos e estaremos competindo em 20 categorias de automobilismo.
Este será um retorno muito importante para nós. Le Mans comemorará seus 100 anos e estaremos de volta à categoria Hypercar após uma ausência de 50 anos. A Ferrari não é só Fórmula 1. Está presente em 20 categorias diferentes e no ano passado estabelecemos um novo recorde de vitórias no automobilismo.
Fecha aspas.
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