A primeira corrida da história da Fórmula E no Brasil, o ePrix de São Paulo, não foi como planejava o brasileiro Lucas Di Grassi – recordista de vitórias, pódios e pontos da categoria. O campeão da temporada 2016-17 lutou contra as deficiências do modelo da terceira geração preparado pela equipe Mahindra e, após uma corrida em que viveu sentimentos antagônicos de satisfação e frustração, confessou que a equipe já trabalha visando um melhor cenário em 2024.
“O fato é que estamos ainda muito longe da competitividade. Mesmo que largasse bem mais à frente, o carro não teria ritmo para terminar bem. Falta muito desenvolvimento. E nossa missão agora é correr atrás de soluções para esse problema, com mais foco em 2024 do que agora”, resumiu.
Di Grassi largou em último, depois de tocar no muro da Curva 8, durante o classificatório, o que danificou a suspensão dianteira direita de seu Fórmula E. “Tentei cortar a zebra ao máximo, e por uns dois centímetros acabei pegando a parede e entortei a suspensão. Mas, ainda assim, acho que mesmo se largássemos no top 10, hoje não acho que seria possível chegar no top 8. O carro não andava.”
“Na hora eu não conseguia acreditar, mas essas coisas acontecem quando você está andando no limite máximo – e neste caso eu estava acelerando tudo mesmo pra ter alguma chance de largar mais na frente”, disse ele. “Foi uma pena ter acontecido aqui no Brasil, uma corrida que eu queria muito disputar – e terminar bem”, destacou.
”O mais importante foi realizar a corrida” – Na prova, Lucas chegou a andar em décimo, mas a esperada perda de rendimento do carro cobrou seu preço e o brasileiro acabou a prova na 13ª posição. “Eu acho que neste final de semana o mais importante, para mim, pessoalmente, foi ver a corrida ser realizada. É um sonho antigo, de quase dez anos. Toda a minha família está aqui, pais, primos etc. E muitos amigos também”, disse ele. “Os organizadores da Fórmula E ficaram muito felizes, os pilotos adoraram a pista, o público vibrou bastante... Enfim, foi um dia incrível de uma estreia emocionante. A corrida foi, como sempre, muito boa. Então eu acho que o que vimos hoje coloca o Brasil como um dos lugares mais legais do calendário. Estou bem feliz por isso”, avaliou.
“Na corrida de hoje, nós usamos muita energia, e nesse aspecto o carro não foi eficiente o bastante. Aí perdemos algumas posições e finalizamos em 13º. A ideia era ficar bastante tempo na pista, para depois pegar o Modo Ataque e segurar a nossa posição até o fim. Era o máximo que podíamos ter feito. Ficou evidente que em pistas que demandam bastante energia, como a do Anhembi, teremos muita dificuldade. Nossas maiores chances são em pistas que não suguem tanto energia, como Londres”, calculou o brasileiro.
Di Grassi ainda destacou que, entre os carros que usam o trem de força da Mahindra – como os do britânico Oliver Rowland e a dupla da Abt, o holandês Robin Frijns e o alemão Nico Muller – ele foi o que melhor se saiu no ePrix de São Paulo. “O carro não esteve bem. Eu ainda consegui chegar na frente entre nossas unidades motrizes mesmo largando de último, ou seja, a corrida do meu lado foi boa. Fiz o que podia.”
A vitória na estreia da pista do Anhembi foi do neozelandês Mitch Evans (Jaguar), seguido por seu conterrâneo Nick Cassidy (Envision) e o britânico Sam Bird (Jaguar). A liderança do campeonato é do alemão Pascal Wehrlein (Porsche), que soma 86 pontos. Com um pódio na abertura do Mundial, Lucas Di Grassi é o 12º com 18 pontos. A próxima etapa da Fórmula E será uma rodada dupla no Aeroporto de Tempelhof, na capital da Alemanha, Berlim, em 22 e 23 de abril.
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